Um pouco sobre o Cordel


No último dia 19 foi comemorado o dia do Cordel. E nada mais justo que dedicarmos esse espaço para o conhecermos um pouco mais.

A literatura de cordel é um gênero literário popular, geralmente composto por rimas, conhecido também como folheto, devido ao formato impresso que adquiriu.
O marco do folheto se deu na época do Renascimento, quando os relatos orais passaram a serem impressos. Porém, acredita-se que muito antes disso os cordéis já existiam, sendo oriundos dos conquistadores greco-romanos, saxões e outros.
Chegando à Península Ibérica por volta do século XVI, os cordéis ganharam fôlego com o trovadorismo, primeiro movimento literário da língua portuguesa, onde as poesias eram cantadas em cantigas. Muitos dos cordéis são cantados ainda hoje, aproximando-se dos repentes – apesar de muitos desses serem improvisados, como o rap.
Chegando a Portugal, o cordel ganhou esse nome devido à forma como ele era comercializado, pois os folhetos ficavam expostos pendurados em barbantes ou cordas. E daí, não é muito difícil de imaginar como o cordel chegou ao Brasil.
Vindo com os colonizadores portugueses, o cordel começou a se espalhar pelas áreas colonizadas e acabaram criando raízes no nordeste brasileiro, que por muito tempo sediou a capital, Salvador.
Segundo alguns pesquisadores, até por volta de 1750 o cordel era conhecido como poesia popular e era transmitido de forma oral. Um dos primeiros cordelistas brasileiros que se tem notícia é Leandro Gomes de Barros.
Paraibano, Leandro teria sido o primeiro a publicar os folhetos rimados, sendo considerado ainda hoje o maior poeta de literatura de cordel, tendo publicado cerca de mil folhetos. E é também em sua homenagem que hoje, dia 19 de novembro, é considerado o dia do cordelista, afinal, ele nasceu em 19 de novembro de 1865, em Pombal.


O cordel é uma forma de narrar uma história tomando por base versos. Os temas abordados podem ser os mais variados, indo desde uma crítica social a uma dor de amor, sem deixar de lado a diversão, quase sempre presente. Quase sempre encontramos alguns recursos comuns, como a descrição do personagem em cena e monólogos sobre o tema a ser trabalhado, que costuma envolver algum problema que o herói deve resolver com astúcia e inteligência.
Mas não é qualquer poesia que pode ser considerada um cordel. Nem mesmo o modo como é impressa. Para ser um cordel, o texto precisa seguir algumas regras bem específicas no que tange à métrica.
Resumidamente, a métrica pode ser: quadra (estrofe de quatro versos com sete sílabas cada, hoje em desuso pelos cordelistas); sextilha (seis versos de sete sílabas, sendo a mais conhecida); septilha (sete versos, mais difícil de ser encontrada); oitava (oito versos de sete sílabas, ou duas quadras); décima (dez versos de dez ou sete sílabas); e martelo (estrofe de decassílabos, mais usadas em versos heroicos ou satíricos).


Além das rimas, o cordel também é conhecido pelas suas xilogravuras, feitas a partir de uma técnica de gravura onde a madeira talhada se torna matriz do que se pretende imprimir. Mas engana-se quem acha que só é cordel o folheto que traz uma xilogravura em sua capa. No texto de Izaias Gomes de Assis, ele discute alguns mitos sobre os cordéis, inclusive este. Segundo Izaias, a xilogravura é apenas um dos meios de se ilustrar o cordel, tornando-se popular a partir de 1940, sendo comum que os primeiros impressos não tivessem nenhuma ilustração, ou até mesmo que usasse fotografias.
O cordel é tão importante na literatura, que desde 1988 existe a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, sediada no Rio de Janeiro. No site da Associação vocês podem procurar mais informações sobre grandes cordelistas e ler alguns cordéis digitalizados.
Ainda sobre o tema, a Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida, situada em Campina Grande (PB) e de responsabilidade da Universidade Estadual da Paraíba, tem o maior acervo de cordéis do país, com mais de 10 mil títulos, com o catálogo disponível online.

Fonte: http://www.coletivocult.com/e-no-dia-do-cordelista-um-pouco-sobre-o-cordel/

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