Memórias no Plural | Paixões Mnemônicas *

"Quanto mais as sociedades inovam e progridem técnica e cientificamente, quanto mais se globalizam, maior é a necessidade comunitária de retorno às origens, maior é o desejo de registros das memórias coletivas, enfim, de uma reconstrução de subjetividades e da reconstituição das diversas representações da realidade. Pesquisar a memória significaria interpretá-la através de objetos, imagens e relatos, ma a memória não é estoque. Ela é um eterno jogo, uma permanente (re)construção (LEITÃO, 2001, p. 14)."


Se a memória projeta, refaz, recria, reinventa se reconstrói e ainda nos permite sobreviver ao esvaziamento e ao desconhecimento de nossa cultura, pode-se dizer que o 58º livro do professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador de tradições populares, Gilmar de Carvalho, Memórias de Xilogravura é uma rica possibilidade de retorno, reconstituições das representações da realidade, da vida.

Lançado hoje, dia 17 de março, na sala de Cultura Popular do Museu de Arte da UFC (Mauc), “Memórias da Xilogravura”, é fruto colhido após 24 anos. O livro começou a ser produzido em 1986, enquanto Gilmar ainda desenvolvia sua pesquisa de Mestrado. Na época, revisitou a Lira Nordestina, antiga Tipografia São Francisco, em Juazeiro do Norte, que conhecera dez anos antes.

O livro traz entrevistas com 11 xilogravuristas de reconhecida importância: Antônio Batista, Lino, Iraci, Zé Caboclo, Arlindo, Ezígio, Abraão, Stênio, Francorli, Zé Lourenço e Walderêdo, que morreu com o título de Mestre da Cultura. São relatos, paixões mnemônicas, que ganham formas quais "dedos de prosas", em que os artistas falam sobre seus trabalhos e a própria arte da xilogravura, entre outros temas. Ilustram o livro, dedicado a Damásio Paulo, um dos “maiores gravadores de todos os tempos”, xilogravuras pertencentes aos acervos do próprio autor e do Mauc.



Dar a César o que é de César: fontes e créditos

1.LEITÃO, Claúdia Sousa. Memória do comércio cearense. Rio de Janeiro, Editora SENAC, 2001. 208p.

2.Matéria veiculada pela Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC ( 85 3366 7331)

3.Foto do Professor Gilmar de Carvalho retirada do blog de Valeska Andrade

* Referência a Mnemosine ou Mnemósine uma das Titânides, filhas de Urano e Gaia e a deusa da Memória. Aquela que preserva do esquecimento. A divindade da enumeração vivificadora frente aos perigos da infinitude, frente aos perigos do esquecimento que na cosmogonia grega aparece como um rio, o Lethe, um rio a cruzar a morada dos mortos (o de "letal" esquecimento), o Tártaro, e de onde "as almas bebiam sua água quando estavam prestes a reencarnarem-se, e por isso esqueciam sua existência anterior". (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mnemosine)



Nenhum comentário:

Postar um comentário